21 março, 2010

José Ribeiro Marto*







É UM FOGO SILENCIOSO CAÍDO À NOITE


e adormecem as crianças nos sonhos cruéis
a morte numa faca uma pedra de fogo nos olhos
são momentos puros ou decisões exangues
notas musicais na grada noite
no entanto pouca a luz

não há gritos nem há danças
a luz corrente não deu cor aos dias
as crianças têm
rosas de água nos anagramas dos cabelos
correm no sono
cruzam nos jardins a ponte rude

as crianças adormecidas nas promessas de crescer
têm sede de sol ouvem os uivos de lobos

uma imagem de fogo e letras várias
é um fogo silencioso caído à tarde
este sonho que decresce nos olhos
espera a noite

calam na boca os sonhos na aspereza da língua
têm as festas do olhar nas mãos de água
sonham na estranheza ancoradouros perdidos
ouvem vozes é o mundo escondido
que lhes dá sorriso vivo
estão calmas no sonho com uma faca ou uma taça
tudo por acordar nos olhos de solidão
de quem as adormeceu


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*JOSÉ RIBEIRO MARTO
Nasce no dia 3 de Abril de 1960 em casa da bisavó paterna entre o concelho da Moita e o de Palmela.
- Estuda Sociologia no ISCTE.
- Faz uma Pós -Graduação em Escrita Literária na Universidade Lusófona.
- Ganha em 2007 o 1º Prémio Litterarius de Poesia com o poema “PASTOREIO” e uma menção honrosa com um conjunto de poemas “ERRAR” promovido pelo Clube Racal de Silves.
- Foi professor do Ensino Secundário .
- É professor de Português como Língua Estrangeira .