li há dias numa folha de jornal que quase levantava voo do chão nas traseiras da casa uma frase de um filósofo sim porque é lá que eu consigo conhecer os filósofos que são uma espécie de poetas sem versos e "a vida só se pode tornar arte quando primeiro se tornar trabalho"... mas com tantos desempregados que o meu dono diz que há na classe média e são esses que estão a complicar tudo na função pudica eu não percebo nada disso só sei que quase todos usam óculos alguns por intervalos dão aulas outros arrumados numa classe mais pequena com tendência a aumentar atravessam o Tejo a nado depois os mais danados esgravatam o céu vão a fatimah por causa de alguns poemas do alberto caeiro. em tempo de crise até o céu é mais caro se eu fosse político havia de implementar com a ajuda do nosso senhor das finanças um imposto e uma taxa para os que colocassem uma escada no terreiro do paço em público aplicava-lhes uma penitência com retroactivos toda a noite gosto tanto deles só não gosto que limpem a cidade e não deixem os restos de comida nos caixotes de lixo assim acabavam de vez com os mendigos sabiam? “ah larmes! vous n'as rien a dire?” sou um cão um cão do lixo trago trapos de nuvens no corpo e na boca que não caíram do céu a minha doença é fingir que não sou um cão a sério
é estranho ter que controlar o que se sente
é estranho ter que controlar o que se sente
Maria Azenha,
Maio de 2010, in Paisagens Textuais