Á gabriela rocha martins
................,No céu
uma intempérie
como só a intempérie do amor.
Pela arquitectura da carne
a sua cicatriz era a taifa acesa
o inaudível.
Porém para me mostrar a flor
ouso pensar que o fogo de I´timad
apazigua o Sul:
- Não existes
Silves lá no remanso do rio
sem as vestes escravas do sagrado.
Diria que era I´timad
a indivisível luz
e que é o verbo primordial da aurora.
Consigo o desabrochar da sílaba
ciclos do alfabeto do tempo
cativos do alaúde:
- Incandescente, tão incandescente
como a melancolia do sémen
que outrora era lágrima
a chuva de Primavera aberta ao cio
de eternidade em eternidade
como um denso aroma, suave corpo.
João Rasteiro
8 de Maio de 2010