21 maio, 2010

Arquitectura Revisitada



Á gabriela rocha martins


................,No céu
uma intempérie
como só a intempérie do amor.

Pela arquitectura da carne
a sua cicatriz era a taifa acesa
o inaudível.

Porém para me mostrar a flor
ouso pensar que o fogo de I´timad
apazigua o Sul:

- Não existes
Silves lá no remanso do rio
sem as vestes escravas do sagrado.

Diria que era I´timad
a indivisível luz
e que é o verbo primordial da aurora.

Consigo o desabrochar da sílaba
ciclos do alfabeto do tempo
cativos do alaúde:

- Incandescente, tão incandescente
como a melancolia do sémen
que outrora era lágrima
a chuva de Primavera aberta ao cio
de eternidade em eternidade
como um denso aroma, suave corpo.



João Rasteiro
8 de Maio de 2010