10 junho, 2010



o chão da minha casa está cheio de pó,
parece o meu coração.
todos os dias me dispo e ajoelho,
as minhas mãos esfregam tábua por tábua,
palavra por palavra.
há bichos de pernas minúsculas,
ou outros, mais infelizes,
que não conseguem fugir.
há uns que correm no meu corpo,
e entram para dentro, e
fazem ninho. houve um bicho que
engoliu um anel e se escondeu.
todos os dias o procurei,
corri pelo chão da casa
como um animal sem faro.
até que as minhas unhas apodreceram.
a esta hora, chorei,
o ouro já deve ter derretido.


escrito por alice macedo campos ,in Tradução (A) da Memória
direitos de autor eric fischl