( ... )Daniel Vieira fez cursos nocturnos de Pintura, Gravura, Música, (um deles com o professor João de Freitas Branco, “grande maestro, gostava muito de ver as mãos dele!”), Teatro, Expressão Dramática… Em Belas Artes especializou-se em Gravura, “quem nos tira o cheiro da aguarrás tira-nos tudo!” Não pára de estudar. No ano passado voltou para as Belas Artes para um curso de Ilustração porque sentia “necessidade de falar com pessoas novas!” Um eterno jovem. “ Nasci no ano da graça de 1937. No ano em que Picasso pintou a Guerenica”, a última invenção feita em Arte. Agora é muito difícil criar algo verdadeiramente novo. Pinta por necessidade, porque sente coisas e tem que as pôr cá fora. Não trabalha todos os dias a horas certas, funciona por impulso quase visceral. “Bem, estou trabalhando sempre, mas às vezes é só de cabeça!” Tem imensos quadros inacabados e trabalhos terminados que são compostos por várias telas que se completam, como se de um puzzle se tratasse. As exposições que apresenta na Horta das Artes, muitas vão-se renovando e continuando, porque o tema lhe agrada e encontra sempre forma de melhorar aquilo que exprimiu. Isso acontece com a actual, intitulada “Herotices”, “sim, sempre fui virado para o herótico mas agora estou mais descarado!!!” (risos), e se mistura com uma série de outros trabalhos que enchem as paredes da “oficina”, trabalhos seus e trabalhos de outros que por ali passaram. Em simultâneo existe outra exposição, permanente, de gravura (sempre a renovar-se, claro!), esta sobre a música popular, tema que trabalha neste instante também em desenho, aguadas e técnicas mistas e sobre a qual tem umas “esculturazitas” de barro. "
Paula Ferro ( 2007 ),in Mar e Raízes